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sexta-feira, março 30, 2007

Diário de uma ciclotímica II


Porque essa foi uma semana incomum.

Chorei, senti...
Mandei mensagens no tardar da madrugada. E acordei. E dormi, de novo. Sonhei. Perambulei.

Bebi, conversei horrores (da cotação do dólar ao sexo dos anjos). "Irresponsabilizei-me" por minha ventura incerta.
Senti-me pequena diante de mazelas que me bateram à janela.

Desfrutei da inutilidade que geralmente me assola a alma por alguns minutos.
Pude tragar alguns dissabores e desfrutar do mais divino manjar da vida em questão de horas, de minutos. Mas vivi.

E senti minhas veias em atividade. Senti você, "dessenti" você. Sentimentos e ressentimentos.

E nesse sentir-ressentir, acalmei-me.

Calei-me.


E dormi.

sábado, março 24, 2007

Diário de uma ciclotímica


No More Keeping My Feet On The Ground

(Coldplay)


Sometimes I wake up, and I'm falling asleep,
And I think that maybe the curtains are closing on me,
But I wake up,
Yes I wake up,
Smiling.

Sometimes I feel that the chance is surprising,
Surprisingly good to be moving around,
So I wake up,
Yes I wake up,
Smiling.

So what? I feel fine,
I'm OK, I've seen the lighter side of life,
I'm alright, I feel good,
So I'll do, I'll try to stop moving,

Sometimes I wake up, and I'm falling asleep,
And I've got to get going so much that I wanted to do,
Yeah I wake up,
Smiling.

And this could be my last chance,
This may be my only chance,
Yeah this could be my last chance,
No more keeping my feet on the ground.

Sometimes I feel that the chance is surprising,
Surprisingly good to be moving around,
And I move,
And I wake up,
Smiling.

So what? I feel fine,
I'm feel OK, I've seen the lighter side of life,
I'm alright, I feel good,
So I'll do, well it's time to stop moving.

And this could be my last chance,
This may be my only chance,
And this could be my last chance,
So no more keeping my feet on the ground.

There's nothing to keep me,
Nothing to keep me.

domingo, março 18, 2007

O amor é antiquado


Esse post é a extensão de uma conversa iniciada numa mesa de bar (numa das raras vezes em que me aventurei nas maravilhas interpessoais proporcionadas por algumas doses)...

Acho realmente essa história de amor meio antiquada. Não me refiro ao amor fraterno, a cujo pedestal só são dignos de ascender pai, mãe, irmãos (e amigos-irmãos, por que não?)...

Aludo aqui ao "Amor Senso-Comum". Aquele que surge escancarado em novelas e filminhos "agüinha-com-açúcar". Aquele retratado no famigerado mito dos príncipes e princesas encantadas. Aquele que figura nas fantasias e paixonites adolescentes, nas composições insossas de Sandy e Jr. (não nego minhas origens) e nos devaneios poéticos dos românticos da segunda geração.

Flores no meio da aula de Português nunca me comoveram. Cavalheirismos hiperbólicos também não me causam êxtase incomum (mas se quiser pagar a conta, fique à vontade). Fotos a dois nunca figuraram no meu perfil do Orkut. Nunca estampei coraçõezinhos apaixonados nos meus cadernos do ensino secundário... Ah, e odeio o Dia dos Namorados e todo o clima mercadológico do seu entorno. Também me irrita muito a tendência, de um arcaísmo sem igual, diga-se, que faz as pessoas crerem ser o amor o fim último da existência humana.

Enfim... Esse papo de almas gêmeas, "amor à primeira vista", "feitos um para o outro" e finais felizes nunca colou comigo.

Acho que não nasci pra isso. Sou cética demais para me encaixar nesse script pré-fabricado. Pra falar a verdade, meus suspiros apaixonados tardam a ocorrer, e quando o fazem nunca duram muito tempo (voluntária ou involuntariamente). Minha vida amorosa daria um bom roteiro de comédia.

Na minha humilde opinião, o amor tem muito de inventividade humana. Às vezes penso ser um artifício para nos eximirmos de pequenas corruptelas carnais, típicas do mero contato entre duas pessoas...

Não, não é falta de sensibilidade. É apenas mais um achismo.

Eu até sei ser amável, de vez em quando.

Mas o amor... Esse é realmente antiquado.

quarta-feira, março 14, 2007

Revolvendo vulcões...



"Na manhã da partida, pôs o planeta em ordem. Revolveu cuidadosamente seus dois vulcões em atividade, pois possuía dois vulcões. E era muito cômodo para esquentar o almoço. Possuía também um vulcão extinto. Mas, como ele dizia: "Quem é que pode garantir?". Revolveu também o extinto. Se eles são bem revolvidos, eles queimam lentamente, regularmente, sem erupções. As erupções vulcânicas são como fagulhas de lareira. Na Terra, somos muito pequenos pra revolver os vulcões. Por isso é que nos causam tanto dano.
O principezinho arrancou também, não sem um pouco de melancolia, os últimos rebentos de baobá. Ele julgava nunca mais voltar. Mas todos esses trabalhos familiares lhe pareciam, aquela manhã, extremamente doces. E quando regou pela última vez a flor, e se dispunha a colocá-la sob a redoma, percebeu que estava com vontade de chorar."

terça-feira, março 06, 2007

Idiossincrasias Vestigiais

Tenho problemas de inspiração. Nenhum surto registrado de duas semanas pra cá. Isso deve ser bom.

É uma sensação meio ambivalente. O mal-estar nosso de cada dia torna essa página mais recheada das minhas quinquilharias.

Eu estou bem. Acho que estou bem. Mas às vezes é como se precisasse recorrer à rituais de mutilação para crer-me acordada (somente beliscar é insuficiente)...

... Peraí...

... Eu estou bem, mesmo.


Devo admitir que as pequenas idiossincrasias da nossa história ainda subjazem pulverizadas em cada pequena atitude, em cada gesto, em cada expressão, em cada onomatopéia infundada, em cada sacada no espelho e naquela roupa que você dizia gostar, em cada trecho do filme que vimos juntos, em cada nuance da mudança de visual que recentemente ensaiei, na pasta de fotos que cruza o meu caminho quando busco um documento qualquer... Elas estão aí, fato incontestável.

Por outro lado, chovem confetes quando constato a minha atual não-submissão aos seus "desmandos metafísicos". Seus atos despóticos não mais me mobilizam, como não o fazem as suas ligações e mensagens despropositadas no fim do dia. Você está na iminência da preterição (ato ou efeito de preterir; tornar pretérito; resguardar à sombriedade do passado; relegar ao vértice inferior do retrovisor). Sinto-me bem.

Hoje consigo me concentrar no que vale a pena. Consigo focalizar alguns parcos objetivos funcionais e conceber um futuro de alheamento total à você. Consigo resgatar relevância naquilo/queles que merecem tal atribuição. Sou capaz de me dar novas chances e respirar novos ares. E, acima de tudo, sou capaz de não me consumir de remorso ou resquícios de decepção ao designar mentalmente a sua figura patética, e vislumbrar a extração de algum benefício desse enredo mirabolante.

No mais, os dias transcorrem normalmente, repletos de atribulações divertidas. A adultez ainda me é estranha, acho que vou estar sempre na transição entre as alegorias do "Palhaço Pudim" e a sobriedade monótona da vida, "como ela é".

E, parafraseando o principezinho,

"-Desenha-me um carneiro."

[...]

Que os baobás não se proliferem!