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sexta-feira, agosto 10, 2007

Nostalgia


E eis que tu me surges.

Num fim de noite que tinha tudo para ser varrido dos meus confins hipocampais, sem estrondos ou resquícios semânticos de qualquer natureza.

E tu me surges.

Com despretensão ímpar, olhar penetrante, sorriso cativante, e semblante que transluzia uma avidez por "sabe-se-lá-o-quê".

E tu me surges.

Vestindo trajes de gala, aproximando-se em câmera lenta. A um close nos olhares patéticos, os créditos iniciam uma subida triunfal (estaria eu em Hollywood?)..

E tu me surges.

Faz tempo, não?

Bastante tempo.

Nunca me senti tão Jones na minha vida. Sim, um tanto quanto loser. Um tanto quanto ambivalente, um tanto quanto inerte. Totalmente inerte.

E tu, em teu melhor estilo Cleaver.

Sagaz. Larápio.

Desenvolto com as palavras, bem-humorado. Astuto ao relatar nossos registros mnemônicos mais significativos.

É, tu me surges.

Se eu fosse Cinderela, diria que o encanto fora quebrado a meia-noite e eu partira numa carruagem dourada (displicentemente deixando cair um de meus sapatinhos de cristal) , em seguida dormindo como um anjo, e acordando pensando em você.

Mas, como não acredito em contos-de-fada, nem em encantos, maçãs venenosas e varinhas de condão, diria apenas que...

Não, eu realmente não saberia o que dizer...


Er...


Foi muito bom esbarrar com você, Cleaver.

Prometo, na próxima, ser menos Jones.