Tem dias que já nascem como um prenúncio de fracasso estelar.
Chuva. Despertador às seis. Função "soneca". Dez minutos de concessão. Vinte. Triiiiinta.
Ops!
A p**** do chuveiro elétrico não tá funcionando. A pasta de dente, outrora inofensiva, agora lhe causa uma alergia horrenda. Não tem pão pro café (e se tivesse, você não teria tempo de comê-lo). E todo o resto não lhe apetece.
Isso sem falar no imbecil a 20km/h na faixa da esquerda, na velhinha da frente da fila do caixa eletrônico (que sempre esquece as letras de acesso), e na repentina descoberta de que sua conta está a anos-luz do saldo positivo. Ó céus!
Cólica menstrual, afazeres maçantes, preguiça a corroer os confins mais recônditos da alma, e uma vontade irrepreensível de jogar tudo pros ares e viver como monja no Tibete.
Mas, opa!
Não é que a vida é até engraçada?
Tudo se torna mais doce quando se aprende a chacotear as singelas comédias privadas de cada dia.
Somente após intensos exercícios de ascese espiritual você se torna capaz de enxergar que a demora do ônibus te proporciona mais tempo contemplando o comportamento humano. E que, se por alguma gozação do destino, o motorista ignorar solenemente a sua existência, você disporá de mais "linhas-fúteis-de-livros-fúteis-de mulherzinha" lidas (essa é a parte que mais gosto. A propósito, leiam "Melancia", de Marian Keyes).
Viver é doce. Às vezes é só algodão, mas ainda apto a ser encarado com doçura. O fundo do pote sempre pode camuflar uma tímida migalha cristalina, discreta como o quê.
[...]
O que seria de nossa estadia terrena, não fossem as agruras existenciais? O que seria do êxtase da felicidade, sem a paradoxal vivência dos desmandos adversos a que a vida nos condena?
Um bom roteiro não pode prescindir de uma pitada de dramalhão mexicano. Todos nós temos os nossos dias de Antonietas Helenas e Gabriéis Emerencianos.
Sim, eu sei que decepcionei, e mudei completamente o foco da história.
Escrevo pra mim, mesmo.
Tá olhando o quê?
Chuva. Despertador às seis. Função "soneca". Dez minutos de concessão. Vinte. Triiiiinta.
Ops!
A p**** do chuveiro elétrico não tá funcionando. A pasta de dente, outrora inofensiva, agora lhe causa uma alergia horrenda. Não tem pão pro café (e se tivesse, você não teria tempo de comê-lo). E todo o resto não lhe apetece.
Isso sem falar no imbecil a 20km/h na faixa da esquerda, na velhinha da frente da fila do caixa eletrônico (que sempre esquece as letras de acesso), e na repentina descoberta de que sua conta está a anos-luz do saldo positivo. Ó céus!
Cólica menstrual, afazeres maçantes, preguiça a corroer os confins mais recônditos da alma, e uma vontade irrepreensível de jogar tudo pros ares e viver como monja no Tibete.
Mas, opa!
Não é que a vida é até engraçada?
Tudo se torna mais doce quando se aprende a chacotear as singelas comédias privadas de cada dia.
Somente após intensos exercícios de ascese espiritual você se torna capaz de enxergar que a demora do ônibus te proporciona mais tempo contemplando o comportamento humano. E que, se por alguma gozação do destino, o motorista ignorar solenemente a sua existência, você disporá de mais "linhas-fúteis-de-livros-fúteis-de mulherzinha" lidas (essa é a parte que mais gosto. A propósito, leiam "Melancia", de Marian Keyes).
Viver é doce. Às vezes é só algodão, mas ainda apto a ser encarado com doçura. O fundo do pote sempre pode camuflar uma tímida migalha cristalina, discreta como o quê.
[...]
O que seria de nossa estadia terrena, não fossem as agruras existenciais? O que seria do êxtase da felicidade, sem a paradoxal vivência dos desmandos adversos a que a vida nos condena?
Um bom roteiro não pode prescindir de uma pitada de dramalhão mexicano. Todos nós temos os nossos dias de Antonietas Helenas e Gabriéis Emerencianos.
Sim, eu sei que decepcionei, e mudei completamente o foco da história.
Escrevo pra mim, mesmo.
Tá olhando o quê?