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terça-feira, abril 10, 2007

Efemeridades


Tenho me apegado às minuciosidades dos pequenos prazeres.

Não há nada que se compare a cantarolar ao chuveiro, passar horas jogando conversa fora, assistir desenho animado, meter a cara no chocolate, passar horas resolvendo sudoku, matar aula, fazer as vezes de garota desbocada, falar muito, dormir muito, monopolizar conversas, gritar "It must have been love" e "Linger", embasbacar-me com a distribuição gratuita de simpatia do cobrador do 26, procurar vídeos engraçados no You Tube, cagar pra prova do dia seguinte, comer Bifum, cometer alguns desatinos consumistas, chorar quando inevitável for, passear no supermercado pra não perder a noite, dançar forró, esbarrar "acidentalmente" no carinha do barzinho, assistir Men in Trees (e cogitar a possibilidade de arrumar as malas e mudar para Elmo), rever episódios de Friends, escutar Coldplay e Los Hermanos sem querer me atirar da passarela, almoçar em família aos domingos, protelar inadvertidamente compromissos, entre outras cositas más.

Pequenos atos que têm enriquecido meus dias. E tudo isso tem um sabor inenarrável. Essa pequenas preciosidades guardam em seu íntimo uma singeleza sem igual, distando-me dos meus tormentos e dos ínfimos pontos do horizonte do retrovisor.

Viver até que tem sido uma aventura interessante. O que de fato nos ofusca é o passado e o futuro. O primeiro atormenta com os dissabores do que "foi-e-não-deveria-ter-sido", e do que "deveria-ter-sido-e-não-foi". O último nos assombra pela imensa gama de possibilidades que nos escancara (ou pela falta delas).

O presente é o que realmente importa. Dançar conforme a música e não ficar devaneando sobre o sentido da vida, sine-qua-nons, destino, xamãs, chacras e incertezas vindouras não faz bem, definitivamente.

O agora, instante efêmero. O agora, paradoxalmente tangível e intangível. O agora que tão logo se tornará insondável.

É agora.

E logo mais, será paisagem de retrovisor.

Que me venham belos afrescos.