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quinta-feira, julho 02, 2009

(Su) Realismo


Eis-me aqui de novo.
Saudosa das cuspidas pseudo-filosóficas.

A pacatez tem desses meandros.

(...)

Os românticos hão de concordar comigo: um pouco de sofrimento, ou melodrama, ou seja lá o que for, é matéria-prima bi(o)bliográfica inestimável.

Repentinamente, senti vontade de escrever sobre a saudade.

Uma saudade meio difusa, meio sem saber a que veio. Ou algo mínimo que lhe justificasse a existência.

Uma saudade que aflorou como num flash, numa bem pregada peça daquelas que só a memória auto-biográfica, em sua inconcebível astutez, é capaz.

Saudade de quando tudo era possível. Saudade das imensas portas, e da curiosidade acerca do que havia além delas.

Saudade da ansiedade adolescente.

Saudade do rir e chorar com a mesma intensidade.

Saudade da adrenalina de um olhar fugidio, ou de uma ligação inesperada.

Saudade de ouvir Legião Urbana me sentindo retratada em cada estrofe. Ou de me imaginar na pele do eu lírico...

Saudade dos apertos de mão, das surpresas, das histórias da infância.

Saudade das fantasias que criava, e das infinidades existenciais que me saudavam.

Hoje os pés estão bem fincados no chão. Não há queixas.

Em seu lugar, a inércia da serenidade.

Maturidade.

(?)

Previsibilidade.

Desconcertantemente saudosa.