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sábado, junho 23, 2007

The wheels just keep on turning...

Sempre achei que careci do "elan" vital que abundava nos seres humanos ditos normais. Por vezes me senti indisposta pra vida. Receava sucumbir ao que chamo de "síndrome macabéica" (Macabéa sempre me assustou por sua "incompetência para a vida", por lhe faltar o "jeito de se ajeitar", e principalmente, por "só vagamente tomar conhecimento da espécie de ausência que tinha de si em si mesma"). Eu me sentia um pouco assim.

Meus 21 anos foram vividos à mercê dos acasos, mesmo que perfeitamente mimetizados em impecáveis eixos. Nunca planejei etapas ou segui metas pré-estabelecidas. Sempre me achei diferente demais e, nos "anos dourados" da minha adolescência, julguei que melhor seria se eu me adaptasse ao entorno a buscar o desconhecido (a minha pedra angular). Maldita seja a "idade das trevas" do desenvolvimento.

Hoje não. Acho que finalmente esbarrei comigo mesma... Foi um encontro meio conturbado, devo admitir. Precisei que uma bigorna se espatifasse na minha cabeça pra que meu "elan" aflorasse.


E, não mais que de repente: "Ei, bicho... Você por aqui? Jamais esperava te encontrar nesses arredores... Por onde andou por todo esse tempo? Vamos sentar e tomar umas! Me conta as novas! "

E ei-la aqui. Munida de todo um arsenal identitário. Sangue nas veias, algumas mini-certezas e objetivos modestos, alguns escudos, alguns medos... O sabor dessa ciência é de uma singularidade tal que me proporciona uma constante ansiedade por descobrir mais e mais em meu âmago a cada nova experiência.

Hoje sei o que vejo no espelho do banheiro (nos outros também). Tenho alguma noção de que se debruça sobre o travesseiro. Consigo captar as configurações das minhas gestalts, e me enxergar holisticamente, para além de alguns caquinhos que acumulei.

Todas as agruras, adversidades e dissabores tiveram razão de ser. Agradeço, oficialmente, aos seus protagonistas. Agradeço também aos que têm tornado os meus dias significativamente mais doces.


Saúdo aqui os afrescos do meu atual retrovisor.

Que já distam.


E só um PS:


Toda essa história me remeteu à Gestalt, especificamente a um trecho de um texto que fui obrigada a ler nos idos do corrente semestre:


"...compreender e aprender, mas sobretudo experimentar, para alargar ao máximo o nosso campo vivido e nossa liberdade de escolha... [...] ...estar atento ao fluxo permanente de minhas sensações físicas (exteroceptivas e proprioceptivas), de meus sentimentos, de tomar conhecimento da sucessão ininterrupta de 'figuras' que aparecem no primeiro plano, sobre o 'fundo' constituído pelo conjunto da situação que vivo e da pessoa que sou, no plano corporal, emocional, imaginário, racional ou comportamental..."



É viver, no sentido mais estrito da palavra.



Sem mais...

terça-feira, junho 19, 2007

Poeminha Sentimental


O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

(Mário Quintana)

quinta-feira, junho 14, 2007

'til kingdom come...



Steal my heart... and hold my tongue
I feel my time... my time has come
Let me in... unlock the door
I never felt this way before

And the wheels just keep on turning
The drummer begins to drum
I don't know which way I'm going
I don't know which way I've come

Hold my head... inside your hands
I need someone... who understands
I need someone... someone who hears
For you I've waited all these years

For you I'd wait... 'Til Kingdom Come
Until my day... my day is done
and say you'll come... and set me free
just say you'll wait... you'll wait for me

In your tears... and in your blood
In your fire... and in your flood
I hear you laugh... I heard you sing
I wouldn't change a single thing

And the wheels just keep on turning
The drummers begin to drum
I don't know which way I'm going
I don't know what I've become

For you I'd wait... 'Til kingdom come
Until my days... my days are done
Say you'll come... and set me free
Just say you'll wait... you'll wait for me

Just say you'll wait... you'll wait for me
Just say you'll wait... you'll wait for me

sexta-feira, junho 08, 2007

Sobre seres humanos e garrafas PET

Enfim, o que é ser? Como abordar essa etérea inefabilidade? Ultimamente tenho tido dúvidas acerca do valor de ser o que somos. Apenas carbono e amoníaco? Bah. Talvez menos.

Tomemos por exemplo uma garrafa PET. Múltiplas facetas. Múltiplas utilidades. Versatilidade. Não mais descartável. Não em tempos de aquecimento global.

E nós? Um amontoado de células, rodeado por milhares e milhares de outros amontoados de células. Além, é claro, de um "telencéfalo 'altamente desenvolvido' e um polegar opositor" (tenho minhas reservas quanto aos méritos do telencéfalo, mas não é este o caso).

Hoje não mais somos. Ou somos, mais uma vez (e mais uma vez). Feitos de papel manteiga, de tão facilmente perecíveis. Merecemos tal sorte? Talvez.

Mas ainda acredito na preciosidade semântica das pequenas coisas. Na singularidade de um sorriso. Na doçura de um olhar. Na singeleza de um abraço. Na certeza de reciprocidade da afeição fraternal.

Sou adepta do seguinte axioma: o que nos faz essencialmente humanos é a capacidade de significar e sentir. Acho, de fato, que estamos deixando de ser humanos... Ou temos esquecido de sê-lo.

[...]

Espero que provisoriamente.